Quando o Brasil precisou de arroz, milho e soja, as exportações foram recordes e faltou aqui dentro. E se já produzíssemos fertilizantes?
Por Giovanni Lorenzon – AGRONEWS®
Toda a polêmica envolvendo a carência de fertilizantes, especialmente potássicos e nitrogenados, que o conflito na Ucrânia está impondo ao Brasil – e ao mundo – é válida, necessária e oportuna.
Mas vamos considerar, desde já, duas coisas.
E precisamos ter coragem suficiente para não nos iludirmos.
Somos dependentes, como a maior parte do mundo rural, do fornecimento da Rússia e de Belarus. Donos de 80% das necessidades globais. Incluindo americanos e argentinos, para ficarmos em dois dos grandes produtores globais.
Mas não somos dependentes desde ontem. Somos dependentes desde sempre.
Então…
1-Tudo que agora vem à tona em relação à potencialidade produtiva brasileira, como alguns projetos estão sendo anunciados, além do interesse na exploração de jazidas na Amazônia, também poderiam ter sido discutidos e tocados antes.
Sim ou não?
Sim, claro.
Mas não o foram pela simples razão de que os custos e a oferta que o Brasil pode entregar – e tem gente que fala até em possível autossuficiência! -, não compensariam os ganhos.
Agora, portanto, compensarão.
Sim, compensarão porque os preços vão explodir, a oferta vai ficar menor, mesmo que em algum momento possa haver paz, e os produtores vão pagar mais caro também pelo fertilizante produzido internamente.
Alguma dúvida?
É business.
2-Aí entramos em algumas comparações recentes. E duras.
Lembra-se de 2020, quando o mundo ficou com pouco arroz, depois que os asiáticos represaram suas exportações, e o arroz brasileiro foi muito exportado?
Faltou o tão nacional grãozinho, parceiro do feijão, e a “inflação do arroz” foi para o espaço.
Adiantou termos autossuficiência?
No mesmo ano, e no começo de 2021, vimos o mesmo caso com o milho e com a soja. Ok?
Os embarques foram recordes, porque os preços externos eram muito melhores que os prêmios domésticos, é o Brasil assistiu a disparada dos derivados de milho, como as rações, e do óleo de soja.
Até hoje os custos dos produtores de proteínas não se acomodaram.
E a autossuficiência?
É business.
Se a crise de hoje pegasse o Brasil já produtor de insumos para a nutrição da agricultura, certamente os produtores nacionais teriam que disputar com os produtores mundo afora – em dólares.
AGRONEWS® é informação para quem produz