O coordenador do Centro de Agronegócio da FGV/EESP e embaixador da FAO para as Cooperativas, ex-ministro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Roberto Rodrigues, palestrou nesta terça-feira (07.06), na abertura do IV Congresso Nacional de Feijão-caupi (Conac) sobre os desafios que o Brasil tem que enfrentar para ser o maior produtor de alimentos do mundo.
Carismático e bem-humorado, Rodrigues destacou que o motivo de estar palestrando era justamente o fato de ser agrônomo e produtor rural. E foi contextualizando a história de sua família, repleta de agrônomos, que ele mostrou à plateia que “a agricultura é uma atividade de risco, que precisa de estratégia e políticas públicas”.
E são estes alguns dos maiores desafios que o Brasil precisa superar para se firmar como maior produtor de alimentos do mundo. É necessário, segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que se amplie em 20% a produção de alimentos até 2020 e esta é a grande oportunidade de o Brasil se firmar como o maior produtor de alimentos do mundo, pois, para atingir este percentual, é necessário que o país aumente em 40% sua produção.
Para tanto, uma série de barreiras precisam ser transpostas, como o estabelecimento de uma estratégia que contemple política de renda, crédito e seguro rural; política comercial com agregação de valor e acordos bilaterais; e política tecnológica. Além destes itens, é necessário que seja amplamente discutido o custo Brasil, principalmente levando-se em conta questões como infraestrutura e logística; juros, tributos e câmbio; e a redução da burocracia.
Mais três itens compõem o rol de pontos que merecem atenção do Governo e dos agricultores: segurança jurídica, comunicação e organização. E neste ponto o ex-ministro foi enfático ao destacar que o atual ministro do MAPA, Blairo Maggi, pode ser o grande semeador de uma mudança definitiva para a agricultura brasileira. “Blairo tem todas as condições para revolucionar o Brasil neste sentido, pois ele reúne as características e a experiência necessárias para isso”, apontou.
O IV Conac teve inicio nesta terça-feira (07/06) e termina na próxima sexta-feira (10/06), na cidade de Sorriso (MT). O ministro Blairo Maggi estará presente no Conac nesta quinta-feira (09/06), quando ministrará palestra aos participantes às 16h. O Congresso conta ainda com mesas redondas, oficina de negócios e dia de campo.
Eventos de difusão de conhecimento como o Conac também contribuem para que seja alterada a visão que os próprios brasileiros têm sobre o agricultor. “Na França, o agricultor é visto como um herói e no Brasil, de forma geral, a imagem que se tem dele é do desmatador e só vai haver política pública se a opinião pública tomar conhecimento da importância da agricultura”, comentou Rodrigues, lembrando ainda que, para que o país alcançasse a posição de destaque que hoje ocupa na produção de alimentos, foi e é necessário o emprego de tecnologia de ponta. “Pero Vaz de Caminha errou quando disse que, nesta terra, em se plantando, tudo dá. Mentira. É preciso usar conhecimento e tecnologia para fazer um solo como o cerrado, por exemplo, produzir”.
“Só vai haver política pública se a opinião pública tomar conhecimento da importância da agricultura”, ensinou.