O governo Donald Trump divulgou nesta sexta-feira(04) um plano para aumentar o consumo de biocombustíveis nos Estados Unidos a partir do próximo ano, visando a ajudar os agricultores em dificuldades. A medida alegrou o setor agrícola, mas provavelmente provocará uma reação do setor de petróleo.
O plano exigiria um aumento ainda não especificado na quantidade de etanol que as refinarias de petróleo devem adicionar ao seu combustível em 2020 e também tentaria remover outras barreiras à venda de misturas mais altas de etanol de gasolina como o E15, disse a Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês), em comunicado.
“O acordo de hoje é o mais recente de uma série de etapas que adotamos para expandir a produção doméstica de energia e melhorar o programa de biocombustiveis RFS, que resultará em produção sustentada para ajudar os agricultores americanos”, afirmou o administrador da EPA, Andrew Wheeler.
Segundo a agência, as regras, que serão finalizadas após um período de consulta pública, “garantirão que mais de 15 bilhões de galões de etanol convencional sejam misturados ao suprimento de combustível do país a partir de 2020”.
No entanto, a EPA não forneceu um número exato. Quaisquer alterações nos mandatos de volumes combinados para 2020 devem ser finalizadas até 30 de novembro.
Antes da proposta de sexta-feira, a EPA havia pedido que a indústria de refino adicionasse 20.04 bilhões de galões de biocombustíveis, incluindo 15 bilhões de galões de etanol, em seu combustível em 2020. O governo Trump já havia impulsionado o E15 no início deste ano, suspendendo as restrições sazonais da era Obama que proibiram sua venda durante os meses de verão.
O presidente americano prometeu em agosto aos agricultores um “pacote gigante” relacionado ao etanol, depois que seu governo irritou o poderoso lobby do milho ao isentar 31 refinarias de petróleo de suas obrigações decorrentes do RFS, liberando-os da exigência de misturar etanol à base de milho em seu combustível ou comprar créditos daqueles que o fazem.
Empresas de biocombustíveis, agricultores e legisladores do Centro-Oeste criticaram a EPA pelas isenções de Trump, argumentando que eles prejudicam a demanda por milho, que já está caindo devido à guerra comercial dos EUA com a China.
O plano surgiu após semanas de reuniões entre funcionários da Casa Branca e representantes da indústria de petróleo e biocombustíveis. A proposta não incluiu o principal desejo do setor de refino de petróleo: um limite para o preço dos créditos de mistura de biocombustíveis.
As indústrias de petróleo e refino resistiram às medidas para expandir o mercado de biocombustíveis, o qual é visto como concorrente, e queixaram-se veementemente de que os requisitos do RFS lhes custavam uma fortuna. Membros dos grupos de lobby dos fabricantes americanos de combustíveis e petroquímicos e do Instituto Americano de Petróleo não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.
As indústrias de petróleo e milho há muito disputam questões relacionadas ao RFS. O regulamento ajudou os produtores de milho ao criar um mercado de 15 bilhões de galões por ano para etanol, mas irritou as empresas de refino que dizem que o cumprimento pode custar centenas de milhões de dólares.
Trump entrou na questão no início de sua presidência, depois que representantes do setor de refino se queixaram dos altos custos da obrigação, buscando aproveitar o apoio de seu governo para reverter a regulamentação.
Fonte: Reuters