Tecnologia já está presente no dia a dia das pessoas, mas pode ser aplicada a quase todos os objetos e áreas da vida cotidiana
Na próxima quinta-feira (4), a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) promove o leilão do 5G. A nova geração de internet móvel, segundo especialistas, vai potencializar a chamada Internet das Coisas (IoT, do inglês Internet of Things). Mas, afinal, o que é essa Internet das Coisas?
De acordo com o Ministério das Comunicações, a IoT se caracteriza como a possibilidade de conexão e interação entre um ou mais objetos por meio da internet. Gustavo Brito, executivo da IHM, destaca que muitas pessoas costumam associar o termo “Internet das Coisas” a realidades de um futuro distante, mas não percebem que já fazem o uso desse conceito.
“Quando a gente fala de IoT, muita gente pensa em alguma coisa extremamente emergente ou em tecnologias extremamente avançadas, mas não. A gente já convive com Internet das Coisas há muito tempo”, diz.
Smartphones, smart TVs, tablets e computadores são exemplos de dispositivos que já estão presentes no dia a dia de boa parte dos brasileiros e que têm a capacidade de se conectarem e, até mesmo, interagirem entre si. No entanto, a Internet das Coisas é bem mais ampla e pode ser aplicada a quase todos os objetos e áreas da vida cotidiana, destaca o especialista em IoT Antonio Bordeaux,. “A Internet das Coisas se aplica em coisas pequenas, até mesmo consideradas antigas, e em coisas que ainda estão em desenvolvimento, como os veículos autônomos”, explica.
Nas casas, por exemplo, a IoT se materializa em uma geladeira que consegue se conectar à internet e informar ao morador, independentemente de onde ele estiver, quais itens estão em falta. Com a Internet das Coisas é possível controlar as luzes, o ar-condicionado, as portas e as janelas, por exemplo, apenas por comando de voz. O conceito também está presente em cafeteiras e torradeiras elétricas, que deixam o café da manhã pronto no horário em que a pessoa quiser.
5G
Especialistas dizem que a chegada do 5G e, por consequência, o avanço da Internet das Coisas vão trazer automação para os lares e mais satisfação aos usuários. Mas será ainda mais impactante para o desenvolvimento das cidades inteligentes, da indústria e do agronegócio brasileiro.
O deputado federal Vitor Lippi (PSDB/SP), que foi relator do Grupo de Trabalho para elaboração do edital do leilão do 5G, destaca que a tecnologia tem uma velocidade maior e tempo de latência (ou atraso) menor que o 4G. Segundo ele, muitas empresas conseguiram automatizar seus processos com o 4G, mas há avanços que dependem da nova geração de internet móvel.
“O que a gente espera são essas novas funcionalidades naqueles equipamentos que precisam de altíssima velocidade e baixíssima latência. Então, isso vai ser essencial para a mineração, já temos caminhões autônomos aí nas minas, para a agricultura, onde nós temos já tratores autônomos. Teremos muitos robôs dentro das indústrias, os veículos autônomos estão próximos de acontecerem também. Tudo isso precisa do 5G, necessariamente”, diz.
O especialista Gustavo Brito acredita no impacto positivo do 5G no setor produtivo. “As operações industriais e de logística mais o agronegócio tendem a melhorar bastante os seus níveis de flexibilidade, confiabilidade e eficiência operacional”, .
Cidades inteligentes com 5G
A Internet das Coisas aplicada ao contexto urbano pode melhorar sensivelmente o dia a dia das cidades e ajudar a resolver ou minimizar problemas, como aqueles relacionados à mobilidade. Imagine um semáforo capaz de gerenciar o trânsito de acordo com o fluxo de carros, graças à integração entre sensores e câmeras espalhados pelas ruas. Se em determinado horário o número de carros estiver maior, o sinal fica mais tempo aberto e vice-versa. Em Londrina, cidade do Paraná que está testando a tecnologia, isso já é realidade.
Antonio Bordeaux cita outros benefícios. “Supondo que tenha uma situação de emergência, calamidade, e você precisa criar um corredor verde, para carros de bombeiro, ambulâncias… esse próprio sistema detecta essa necessidade e ele controla para ter um trânsito mais fluente e esses veículos possam se deslocar rapidamente sem haver mais colisões ou acidentes”, exemplifica.
Indústria e 5G
No setor industrial, a IoT deve otimizar os processos e causar uma revolução. Segundo Bordeaux, será possível se antecipar aos problemas nas máquinas, equipamentos e produtos, trocando as manutenções preventivas pelo que ele chama de predição.
“Através dessas informações, desses dados, quando começa a acontecer algo diferente numa máquina ou num objeto, a inteligência artificial já prevê que vai ocorrer um determinado comportamento. Essa prevenção é diferente da manutenção preventiva, que é meio burra, porque a IA estará monitorando a máquina e vai dizer ‘opa, está tendo um comportamento que leva [a danos]’”.
Agronegócio e 5G
No campo, a IoT vai permitir inúmeras melhorias, projetam os especialistas. Gustavo explica que, por meio da tecnologia, um produtor conseguirá monitorar as culturas. “Através de um IoT, eu consigo medir a umidade do solo e identificar a necessidade hídrica de uma cultura de grãos, por exemplo e por meio algoritmo se define quais são os parâmetros de irrigação necessários para aquele dia ou para a semana. Eu consigo melhorar a gestão de consumo de água e energia”, explica.
Mais sobre a Internet das Coisas
Internet das coisas (em inglês: Internet of Things, IoT, sendo em português e espanhol IdC o acrónimo equivalente) é um conceito que se refere à interconexão digital de objetos cotidianos com a internet, conexão dos objetos mais do que das pessoas.
Em outras palavras, a internet das coisas nada mais é que uma rede de objetos físicos (veículos, prédios e outros dotados de tecnologia embarcada, sensores e conexão com a rede) capaz de reunir e de transmitir dados. É uma extensão da internet atual que possibilita que objetos do dia-a-dia, quaisquer que sejam mas que tenham capacidade computacional e de comunicação, se conectem à Internet. A conexão com a rede mundial de computadores possibilita, em primeiro lugar, controlar remotamente os objetos e, em segundo lugar, que os próprios objetos sejam usados como provedores de serviços. Essas novas capacidades dos objetos comuns abrem caminho a inúmeras possibilidades, tanto no âmbito acadêmico quanto no industrial. Todavia, tais possibilidades acarretam riscos e implicam grandes desafios técnicos e sociais.
Se os objetos do cotidiano tivessem incorporadas etiquetas RFID (“etiquetas inteligentes”), poderiam ser identificados e controlados por outros equipamentos e não por seres humanos. Se, por exemplo, certos objetos entre outras coisas como livros, termostatos, refrigeradores, lâmpadas, remédios, autopeças, fossem equipados com dispositivos de identificação e conectados à Internet, não haveria a possibilidade de faltarem produtos como alguns remédios, pois saberíamos exatamente onde os encontrar e quantos estariam disponíveis. A ocasional falta deles passaria a ser coisa do passado. Saberíamos também, a qualquer momento, qual é a lâmpada que acende e qual é a que está fundida.
O conceito ‘Internet das coisas’ foi proposto em 1999, por Kevin Ashton, no Laboratório de Auto-ID do MIT, onde se realizavam pesquisas no campo da identificação por radiofrequência em rede (RFID) e tecnologias de sensores. Atualmente, a expressão ‘Internet das coisas’ designa a conexão avançada de dispositivos, de sistemas e de serviços. Ultrapassa o conceito tradicional M2M do máquina a máquina e abarca uma ampla variedade de protocolos, domínios e aplicações.
Fonte: Brasil61
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