Estudo da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), publicado em maio deste ano na revista científica Environmental Conservation, revela que as queimadas na Amazônia estão destruindo mais rapidamente as florestas inundáveis do que as de terra firme.
Os pesquisadores estudaram 30 florestas no sudeste da região amazônica e descobriram que mais de 60% das matas inundáveis sofreram queimadas com alto nível de danos entre 1996 e 2016, contra apenas 5,5% das de terra firme. A pesquisa, que teve a participação das universidades inglesas de Leeds, Exeter e Imperial College, também registrou grande perda de estoques de carbono e biodiversidade.
Segundo o autor do trabalho, o professor Denis Nogueira, as queimadas estão se tornando cada vez mais frequentes e ameaçando fortemente a conservação destes ecossistemas.
“Nossos resultados foram surpreendentes, já que estas matas são mais úmidas e por isso não deveriam estar queimando desta forma”, revela a professora da Unemat, Beatriz Schwantes Marimon, autora correspondente e líder dos estudos.
A pesquisadora atribui este fenômeno às mudanças climáticas, uma vez que as secas estão se tornando excessivas na região, fragilizando esta vegetação normalmente adaptada a ambientes permanentemente úmidos, condição que já não existe mais.
O professor Ben Hur Marimon, um dos autores do estudo, alerta: “A complexidade e o tamanho continental da Amazônia são grandes desafios para compreendermos os impactos das mudanças climáticas, mas já sabemos que a degradação da borda sul da floresta se aproxima perigosamente de um ponto de não retorno”.