O dólar caía ante o real nesta segunda-feira, com investidores monitorando de forma cautelosa a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, que pode começar a discutir a reforma da Previdência já nesta segunda-feira, e eventuais desdobramentos da intervenção do governo na Petrobras
Às 10:14, o dólar recuava 0,54 por cento, a 3,8680 reais na venda. Na sexta-feira, a divisa fechou com avanço de 0,83 por cento, a 3,8892 reais na venda.
O dólar futuro caía cerca de 0,35 por cento.
Na sexta-feira, o presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR), afirmou que a reforma será o primeiro item da pauta da comissão desta semana, seguida da proposta que torna o Orçamento mais impositivo.
Francischini reiterou que a intenção é votar a admissibilidade da proposta na CCJ nesta semana, mas afirmou que é difícil prever prazos.
“Segue no radar a iminente votação do parecer favorável à admissibilidade da PEC da nova previdência na CCJ da Câmara nesta semana, ‘passo’ que está dando calafrios inesperados ao mercado em meio à resistência do chamado ‘centrão’ e partidos de oposição”, disse a operadora H.Commcor em nota.
Ainda na esteira do imbróglio de sexta-feira envolvendo o governo e a política de preços da Petrobras, o mercado tem no radar reuniões entre membros do governo, inclusive o ministro da Economia, Paulo Guedes, para tratar do tema.
Na sexta-feira, o dólar chegou a superar 3,90 reais na máxima da sessão depois que o presidente Jair Bolsonaro admitiu ter ligado para o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, levando a estatal a recuar no reajuste que já havia sido anunciado, e ter dito que terá de ser convencido sobre o reajuste em uma reunião que convocou para terça-feira.
Prevalece entre agentes financeiros um clima de cautela no que tange o episódio envolvendo a Petrobras, movidos pela percepção de que a intervenção pode ter colocado o governo em uma posição mais complicada no lado político, o que alimenta temores sobre impacto na aprovação da Previdência.
“A reunião entre Bolsonaro e Guedes, onde será discutida a política de reajuste de preços da Petrobras, é destaque na agenda política hoje. Com o risco atrelado à manutenção da postura intervencionista adotada por Bolsonaro na última sexta-feira azedando o humor dos investidores”, avaliaram analistas da Coinvalores Corretora, em nota.
No exterior, o apetite pelo risco era maior diante do alívio nos temores de desaceleração no crescimento global por sinais de estabilização na economia da China, além do otimismo de que as negociações comerciais entre Estados Unidos e China podem estar se aproximando do fim.
O Banco Central realiza nesta sessão leilão de até 5,350 mil swaps cambiais tradicionais, correspondentes à venda futura de dólares, para rolagem do vencimento de maio, no total de 5,343 bilhões de dólares.
Por Laís Martins/ Reuters