A análise do comportamento de mercado do frango, do boi e do suínos vivos (interior de São Paulo) nos últimos 17 anos (2000 a 2016) aponta que, na média, os preços pagos aos produtores retrocedem entre janeiro e maio, entrando em curva ascendente nos outros sete meses do ano
Trata-se de desempenho absolutamente normal, determinado não exatamente pelo mercado, mas pela natureza – que, através das estações do ano, define os períodos de safra e entressafra da produção animal.
Este 2017 também deveria ser assim. Mas não está sendo – embora os resultados do primeiro trimestre sugerissem que a curva sazonal seria acompanhada muito de perto, com queda de preços até maio e reversão a partir de junho.
Mas, parece, o primeiro escândalo do ano (o da Carne Fraca) exacerbou a baixa prevista, enquanto o segundo escândalo (o de maio) impediu a esperada reversão. Assim, ao contrário do indicado pela curva sazonal, os valores médios recebidos pelos produtores no bimestre junho-julho se tornaram os menores do ano.
Detalhando: pela curva sazonal, frango, boi e suíno vivos deveriam alcançar em julho corrente valor cerca de 5% superior à media registrada no ano passado. Porém, encerram o sétimo mês de 2017 com preços mais de 10% inferiores à média de 2016.
Seria pior se o suíno não estivesse obtendo, neste mês, aproximadamente o mesmo preço médio de 2016 – perto de R$72,50/arroba (base: preço FOB granja para o cevado terminado no interior de São Paulo). Porque o frango vivo tem agora valor mais de 13% inferior à média do ano passado (R$2,88/kg em 2016; R$2,50/kg atualmente). E o boi em pé enfrenta queda de preço que supera os 18% (da média de R$154,13/arroba no ano passado para a média de R$126,00/arroba em julho corrente).
Note-se que, no tocante ao frango vivo, a queda observada é, até certo ponto, justificável. Pois os custos deste ano são sensivelmente menores que os de 2016. Não, porém, para o boi em pé. Que, pela curva sazonal, deveria alcançar em julho corrente valor 8,2% superior à média do ano passado. Mas em vez de ser negociado por algo em torno de R$166,00/arroba, o boi está valendo cerca de um quarto menos.
O pior é que, aonde o boi vai, frango e suíno vão atrás.
Fonte: Avisite