O dólar operava com leve baixa nesta segunda-feira, na casa de 3,08 reais, com o ambiente político doméstico considerado mais favorável e acompanhando a trajetória das moedas emergentes no exterior num dia de maior apetite por risco
O baixo nível da moeda norte-americana, que fechou na sexta-feira na menor cotação em seis meses, contudo, limitava o movimento de queda.
A prisão de Joesley Batista, do grupo J&F, contribuía para o movimento, com a interpretação de que isso deve fortalecer o presidente Michel Temer para enfrentar nova eventual segunda denúncia contra ele.
Às 10:20, o dólar recuava 0,18 por cento, a 3,0888 reais na venda, depois de terminar a sexta-feira cotado a 3,0945 reais, no menor nível em seis meses.
Na mínima do dia, a moeda marcou 3,0857 reais. O dólar futuro operava praticamente estável.
“Os mercados que já haviam relegado o assunto (nova denúncia contra Temer) a segundo plano, esperam que o episódio seja resolvido o mais breve possível a fim de permitir ao governo que avance na agenda das reformas”, afirmou em relatório a Correparti Corretora.
No fim de semana, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin determinou a prisão temporária e a suspensão dos benefícios da colaboração firmada pelos delatores da J&F Joesley Batista e Ricardo Saud. A delação dos executivos da J&F serviram de base para a apresentação da primeira denúncia contra o presidente Michel Temer pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Fachin afirmou que os elementos apresentados por Janot, que pediu a prisão dos executivos, indicam que os delatores entregaram provas de maneira “parcial e seletiva”. Fachin, contudo, negou pedido para deter o ex-procurador da República Marcelo Miller.
Com isso, o mercado passou a acreditar que são cada vez maiores as chances de que uma segunda denúncia de Janot contra Temer, que provavelmente será apresentada nesta última semana do procurador no cargo, será recebida de forma esvaziada pela Câmara dos Deputados.
Diante desta perspectiva, o mercado aumentou as apostas de que o governo conseguirá avançar com a reforma da Previdência.
“Passada a TLP e a meta fiscal com relativa folga, a tendência agora é de uma tentativa do governo de aproveitar o contexto político favorável para avançar novas pautas e entrar 2018 praticamente incólume em termos de agenda e aguardando o resultado das mudanças econômicas”, comentou a gestora Infinity em relatório.
No exterior, a perda de força do furacão Irma, que até terça-feira pode se tornar uma tempestade tropical, e a calmaria na Coreia do Norte, que não fez nenhum teste nuclear no final de semana, favoreciam o clima mais tranquilo nesta segunda-feira.
O dólar, assim, subia ante uma cesta de moedas, mas cedia ante divisas de países emergentes, como o peso mexicano e a lira turca.
O Banco Central brasileiro não anunciou qualquer intervenção no mercado de câmbio nesta sessão, por ora. Em outubro, vencem 9,975 bilhões de dólares em contratos de swap cambial tradicional –equivalentes à venda de dólares no mercado futuro.
Fonte: Reuters