A agricultura irrigada apresenta um histórico de desenvolvimento crescente e persistente nas últimas décadas, e especialmente acelerado nos últimos 15 anos
Para apresentar esses dados, a Agência Nacional de Águas (ANA) lançou, recentemente, o Atlas Irrigação: Uso da Água na Agricultura Irrigada, que apresenta uma retrospectiva e um panorama atual da agricultura irrigada brasileira, além de uma visão de futuro.
Segundo a ANA, a disponibilidade de dados setoriais específicos sobre irrigação é um grande desafio. Por isso, o Atlas da Irrigação procura sistematizar e padronizar os esforços recentes da Agência e de seus parceiros, Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), na produção de informações, para fornecer uma nova base técnica para a discussão da agricultura irrigada brasileira na sua interface com os recursos hídricos.
“A Embrapa contribui nesse programa efetuando o levantamento da agricultura irrigada por pivôs centrais no Brasil, e também pelos estudos relativos às demandas hídricas das diferentes culturas agrícolas. Novos levantamentos estão sendo feitos no sentido de mapear os perímetros irrigados e a determinação do uso da água em tempo quase real”, explica o pesquisador Daniel Pereira Guimarães, da Embrapa Milho e Sorgo, Unidade situada em Sete Lagoas-MG. Também contribuíram para os levantamentos os pesquisadores Elena Charlotte Landau e Paulo Emílio Pereira de Albuquerque, da mesma Unidade.
Água na agricultura
Paulo Emílio ressalta que outro trabalho realizado é o que auxilia na tomada de decisão para o cálculo da oferta de água para as culturas irrigadas. “Esse diz respeito ao levantamento de dados e à determinação de valores de coeficientes de cultivo (Kc). Para isso, foi criada uma plataforma web para receber, armazenar e disponibilizar ao público dados de Kc para as condições brasileiras”, diz.
Segundo Daniel Guimarães, para atender à crescente demanda por alimentos e ainda atender às necessidades de fibras e energia, estima-se que a produção agrícola deverá dobrar até meados de 2050.
“As taxas atuais de crescimento da produção de milho, arroz, trigo e soja, responsáveis pela geração de dois terços das calorias agrícolas globais, correspondem, respectivamente, a 1,6%; 1,0%; 0,9% e 1,3% por ano e são insuficientes para atingir as metas previstas para o alcance desse objetivo no futuro, quando seriam demandados crescimentos da ordem de 2% ao ano”, estima o pesquisador.
Ele ressalta que para atingir esses objetivos, além dos avanços tecnológicos para a produção de alimentos, grande ênfase deverá ser dada à agricultura irrigada. “O principal fator que poderá comprometer as ofertas de alimentos refere-se aos recursos hídricos, cujos acessos e disponibilidade têm sido decrescentes nos últimos anos, apesar do volume de água existente no planeta ser constante”.
No Brasil, além dos usos agrícolas, industriais e para abastecimento humano, a água é ainda a principal fonte de geração de energia. “As crescentes crises hídricas impactam diretamente a qualidade de vida e sobrevivência da humanidade, tanto pela vulnerabilidade a desastres (enchentes e estiagens), quanto para o acesso à água e a segurança hídrica. Por isso, o armazenamento da água nas propriedades, durante o período das chuvas, em represas, é uma alternativa para melhorar a eficiência da disponibilidade hídrica para uso em irrigação”, orienta Guimarães.
Atlas Irrigação: Uso da Água na Agricultura Irrigada
Os estudos referentes às áreas irrigadas no Brasil promovidos pela ANA e parceiros auxiliam tanto no planejamento e na gestão dos recursos hídricos, no âmbito do Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos (SINGREH), quanto nas tomadas de decisão setoriais. Parte dos resultados já foram publicados nos últimos anos no Relatório de Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil e, mais recentemente, em publicações específicas, como o Levantamento da Agricultura Irrigada por Pivôs Centrais no Brasil e o Levantamento da Cana-de-Açúcar Irrigada na Região Centro-Sul do Brasil.
Fonte: ANA
O Atlas está disponível para leitura na página da ANA. Para acessar, clique: