Conheça esta variedade de pequi sem espinhos, o ouro do cerrado brasileiro que chega, após 25 anos de pesquisa, aos produtores rurais pra revolucionar o mercado gastronômico
O cerrado brasileiro, conhecido por sua rica biodiversidade, é o lar de um fruto que desperta paixões intensas: o Pequi. No entanto, a fama do pequi sempre foi acompanhada pelo temor de quem ousa saboreá-lo, pois suas mini farpas podem transformar a experiência culinária em um desafio espinhoso. Mas, após 25 anos de pesquisa incansável, uma revolução está chegando ao mercado: mudas de pequi sem espinhos, prometendo uma nova era de degustação para os amantes e, quem sabe, conquistando aqueles que hesitavam em experimentar.
O pequi sem espinhos
A saga para trazer ao público essa versão aprimorada do pequi começou quando um produtor no interior de Mato Grosso, ao descobrir um pequizeiro sem espinhos em sua fazenda no município de Cocalinho, decidiu que era hora de compartilhar esse tesouro. Com a colaboração da Emater e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, a árvore foi clonada, e duas décadas depois, o primeiro lote de frutos sem espinhos finalmente apareceu. Agora, as mudas estão sendo produzidas em viveiros em Goiás, com a expectativa de chegarem ao mercado nos próximos anos.
A coordenadora da pesquisa, Elainy Botelho, compartilha a emoção por trás do fenômeno. O edital para a venda de 5 mil mudas por R$ 50 cada causou uma verdadeira comoção, com 50 mil pessoas se inscrevendo em apenas 10 dias. “Dá até briga“, ela diz, destacando o forte apelo emocional que o pequi tem para os goianos. O amor pelo fruto é tão grande que cada goiano deseja ter um pé de pequi em sua propriedade. Agora, a versão sem espinhos promete popularizar ainda mais o cultivo, permitindo que crianças, idosos e até estrangeiros desfrutem do sabor único do pequi sem medo. Confira uma reportagem especial feita pelo canal Goiás no Ar, aperte o play no vídeo abaixo.
Lançamento oficial
Em meados de novembro do ano passado(09), foram lançadas oficialmente seis cultivares de pequi desenvolvidas pela Embrapa Cerrados e pela Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater). O evento foi realizado no auditório do Centro de Tecnologia e Capacitação da Emater (Centrer), em Goiânia (GO), e contou com a presença de agricultores familiares, viveiristas, parceiros da pesquisa, gestores públicos, autoridades, além das equipes responsáveis pelo desenvolvimento das tecnologias.
“Este dia está ficando na história da Embrapa Cerrados e da Emater Goiás. Estamos entregando as seis primeiras cultivares de pequi para o setor produtivo. Essas tecnologias têm uma relevância grande do ponto de vista social, econômico, cultural e ambiental, já que o pequizeiro é uma planta símbolo do Cerrado. As cultivares lançadas também vão contribuir para a preservação dessa espécie tão importante não só para o bioma, mas também para o Brasil. Como instituições públicas que somos, a finalização tecnológica e a sua entrega para a sociedade trazem a sensação do dever cumprido”, afirmou o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Cerrados, Fábio Faleiro.
Abaixo você pode baixar os materiais informativos em PDF para seguir as orientações técnicas para o cultivo dos pequizeiros. Link: Pequi sem espinhos, novas cultivares são lançadas oficialmente pela Embrapa
Quem experimenta aprova
No coração do Centro-oeste brasileiro, as frutas típicas de Cuiabá oferecem um mergulho delicioso na diversidade tropical dessa região brasileira. Com uma mistura única de sabores, destacam-se o bocaiuva, jaca, manga, caju e, é claro, o pequi. Este último, além de ser um símbolo marcante do Cerrado, traz consigo uma série de benefícios à saúde. Contribuindo para a redução do colesterol, combatendo a obesidade e prevenindo o diabetes, o pequi não é apenas uma iguaria regional; é uma joia nutricional. Seu sabor e aroma intensos o tornam uma escolha popular na culinária local, sendo incorporado em pratos tradicionais como a galinhada e o arroz. Essas frutas não apenas enriquecem a gastronomia cuiabana, mas também revelam a riqueza da biodiversidade que caracteriza as tradições culinárias do Brasil.
Os depoimentos daqueles que já tiveram o privilégio de degustar o pequi sem espinhos são unânimes em destacar que o sabor se mantém autêntico, senão aprimorado. O médico Antonio Malan, que já experimentou, afirma que o novo pequi é “muito agradável” e sugere que iniciantes no mundo do pequi o escolham como ponto de partida. As preocupações sobre a robustez do sabor parecem dissipar-se diante da possibilidade de saborear o fruto sem a temida presença dos espinhos.
O episódio do influenciador digital Dellano Cruz, que teve que buscar socorro médico para retirar espinhos da língua após comer pequi tradicional, ressalta o desafio enfrentado por aqueles que se aventuram no mundo espinhoso do pequi convencional. Com o novo pequi, a promessa é de uma experiência mais segura e acessível, abrindo portas para novos apreciadores.
A estudante de fisioterapia Amanda Souza, detentora do título de “Melhor Roedora de Pequi” em uma competição universitária, vê no pequi sem espinhos uma oportunidade de superar seu próprio recorde. A facilidade em consumir o novo tipo de pequi, sem se preocupar com espinhos, a inspira a cogitar competições onde ela poderia até dobrar a quantidade de pequis roídos.
Tradição cultural
O universo do pequi, além de seu sabor peculiar, tem uma cultura própria, como evidenciado pelo concurso em Montes Claros, Minas Gerais, para eleger o ‘Melhor Roedor de Pequi do Mundo‘. O organizador do evento, Fred Rocha, já antevê a possibilidade de criar uma categoria iniciante, apelidada carinhosamente de “Pequi Nutella” ou “Menini“, quando o pequi sem espinhos estiver disponível no mercado. A polarização entre amar ou odiar o pequi pode se transformar em um convite para novos apreciadores, graças à inovação que elimina a espinha dorsal do desafio.
Em resumo, a chegada das mudas de pequi sem espinhos representa não apenas uma transformação no sabor, mas também uma mudança na experiência de saborear esse ouro do cerrado. Enquanto os viveiristas em Goiás preparam o terreno para o cultivo em larga escala, a expectativa é de que, nos próximos anos, o pequi sem espinhos conquiste corações, línguas e paladares, abrindo as portas do cerrado para um público mais amplo e corajoso. O desafio de comer pequi está prestes a se tornar uma tradição acessível e deliciosa, uma história que os amantes do cerrado terão prazer em contar e compartilhar.
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