O mercado espera nova alta da taxa de juros para semana próxima. Ainda nesta coluna, as condições de exportações zero na terceira semana de setembro com os frigoríficos exportadores fora das compras
Por Giovanni Lorenzon – AGRONEWS®
Tem razão o ministro Paulo Guedes quando diz que o dólar não cede por conta dos “ruídos políticos”. Ruídos ou crise mesmo?
No dia 4 de agosto, a taxa Selic foi aumentado em 1 ponto percentual, e os juros básicos ficaram em 5,25%. Quando se aumenta os juros, na mão inversa cairia a cotação da divisa americana, porque os investidores estrangeiros trazem mais dólares para renda fixa – e, claro, títulos públicos.
Na próxima segunda, nova reunião do Copom deverá dar nova alta à Selic, entre 1% e 1,25%, mas ainda não se espera o recuo do câmbio.
Ruído ou crise?
Tanto faz. O risco Brasil está precificando o câmbio.
Bom para os exportadores, que marcam mais ganhos na troca de reais pela moeda dos Estados Unidos.
Bom para os especuladores, que faturam mais.
O lado perverso é que vai para o bolso da população.
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O Banco Central pede mais juros para combater a inflação, como se houvesse pressão de demanda pelo consumo da população. Que consumo?
O governo quer mesmo é se financiar, vendendo mais Títulos do Tesouro, ainda que aumente seu estoque de dívida. Isso o ministro não comenta.
A inflação já vem de trajetória ascendente, junto com uma taxa de desemprego de 14%. que tem nos insumos importados a alta em dólar, além, é claro, da escalada dos preços dos combustíveis.
A cereja do bolo é que os preços sobem, os empregos não aparecem, e a os juros mais altos deixam mais caros os investimentos produtivos que necessitam de recursos tomados no sistema financeiro.
Ainda terá, depois da semana que vem, outra reunião do Banco Central/Copom até o final do ano.
E a expectativa é que a Selic vá mais alto ainda. De 7% a 8%, para fechar o ano de ruídos e crises, no qual o PIB já tem suas estimativas murchadas.
E sem que tenhamos uma projeção clara se haverá trégua da covid e essa variante delta que começa a mostrar sua cara cada vez mais feia.
O boi da vaca louca
Nesta corrente semana de setembro que o Brasil conhecerá o tombo das exportações, depois dos episódios da vaca louca.
Esperam-se embarques zero – ou quase zero.
As exportações nos três primeiros dias úteis do mês, quando os casos da raiva bovina chegaram ao mercado, e a expressiva alta na semana passada – 12,4 mil toneladas diárias, mas 83% -, foram de carnes que já estavam nos portos ou a caminho.
Não eram lotes originados de boi comprados nesse período fatídico.
O boi que derretia, derreteu mais um pouco depois.
A trajetória de queda é normal, uma vez que a China embargou as importações – a Arábia Saudita também, mas seu peso é relativo – seguindo os protocolos acordados com o Brasil e também dentro do padrão adotado pela Organização Mundial de Saúde Animal.
A situação deverá se normalizar, ou perto disso, a partir da semana que vem.
Mas não gera expectativa de que o boi volte a andar antes de outubro.
AGRONEWS® – Informação para quem produz