Foram 20 anos de negociações para a formação da maior área de livre comércio do mundo. Mas pacto, que ainda não tem data para valer, não agradou todos os produtores.
A agropecuária é um dos setores mais beneficiados pelo recém-anunciado acordo Mercosul-União Europeia. Em 10 anos, 82% dos produtos agrícolas que o bloco sul-americano vende para o europeu terão tarifa zero de importação.
Foram 20 anos de negociações para a formação do pacto que criará a maior área de livre comércio do mundo, com quase 800 milhões de consumidores. Do lado de lá do Oceano Atlântico, 28 países da Europa. Do lado de cá, Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
“Só esse acordo, no intervalo de 15 anos, ele trará em termos de corrente algo da ordem de R$ 1 trilhão em termos de importações e exportações a mais para a economia brasileira”, afirmou o secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Lucas Ferraz.
O acordo ainda será revisado e precisa ser aprovado nos congressos dos países do Mercosul e no Parlamento Europeu (veja os próximos passos). O Ministério da Agricultura estima que ele entrará em vigor dentro de 2 anos.
Benefícios
Alguns produtos vão ter cotas como o arroz, o açúcar e a carne de frango.
“Estamos falando de US$ 500 milhões/ano. Isso em termos de hoje, para o setor e a balança comercial brasileira”, diz Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Outros itens vão entrar no bloco europeu com taxas mais baixas: é o caso do etanol e da carne bovina. “O Mercosul será responsável por 82,3% de toda a carne bovina comprada pela Europa do mundo”, diz o secretário Lucas Ferraz.
Segundo a Aprosoja, associação que representa o setor, o possível aumento das exportações de carne também pode aquecer o mercado interno de ração, especialmente de frango e suínos.
O acordo é bilateral e prevê isenções de impostos também para o bloco europeu, principalmente para os setores automotivo, de máquinas agrícolas e de alimentos.
Críticas
E 67% dos produtos agrícolas que a União Europeia mandar para o Mercosul não serão mais taxados. Entre eles: azeite, frutas frescas, leite e vinho. Isso que gerou críticas.
O Instituto Brasileiro do Vinho avalia que o acordo traz um impacto negativo para o setor. “Nós temos aqui uma alta carga tributária, juros elevados, dificuldade de crédito, pouco apoio para assistência técnica, seguro agrícola e tudo mais”, disse a entidade.
O governo federal prometeu criar um fundo de apoio à produção da bebida.
Do lado de lá também tem gente descontente. Em países como a França, maior potência agrícola da Europa, e a Alemanha, produtores prometem manifestações porque temem a concorrência com preços mais baixos. O próprio governo francês se mostrou resistente.
Fonte: G1