Resultado foi apontado em estudo liderado por pesquisadores da USP, que mediu as emissões de GEE do ciclo de vida do biodiesel de soja brasileiro em substituição ao diesel mineral
O uso de biodiesel de soja em substituição ao diesel mineral é uma contribuição importante para evitar o aquecimento global.
De acordo com os autores, os resultados obtidos contribuem para a identificação das principais fontes de gases de efeito estufa (GEE) no sistema de produção de biodiesel de soja brasileiro e podem ser utilizados para orientar políticas públicas, além de auxiliar nas tomadas de decisão em relação às estratégias de mitigação do aquecimento global.
A pesquisa avaliou as emissões de GEE da produção de biodiesel de soja no Brasil, desde a produção agrícola da matéria-prima até o transporte do biocombustível para rotas nacionais e para a Europa. Foram utilizados dados de mais de 200 propriedades de soja associadas à Aprosoja-MT, a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Mato Grosso, e de indústrias afiliadas à Associação Brasileira de Indústrias de Óleos Vegetais – Abiove e à União Brasileira de Biodiesel e Bioquerosene – Ubrabio.
A pesquisa
Na pesquisa, houve destaque para as emissões de GEE na produção da soja (insumos e defensivos agrícolas, queima de combustíveis fósseis, restos culturais sobre o solo e uso de energia elétrica), no processamento do grão e na produção do biodiesel (insumos industriais, queima de combustíveis fósseis e uso de energia elétrica) e no transporte envolvido em cada etapa (queima de combustíveis fósseis).
A avaliação indicou que as emissões da etapa agrícola são as mais representativas (42-51%) de todo o ciclo, quando o processamento da soja e a produção do biodiesel ocorrem na mesma unidade industrial, em sistema integrado. Quando a produção industrial ocorre em unidades separadas de produção de óleo e de biodiesel, a maior emissão de GEE está na etapa de produção do biodiesel (46-52%).
As emissões de GEE do ciclo de vida do biodiesel distribuído em rotas domésticas variaram de 23,1 a 28,8 gCO2eq. MJ-1 B100. Já para o biocombustível exportado para a União Europeia, as emissões variaram 26,5 a 29,2 gCO2eq. MJ-1 B100. Os resultados representam reduções de 65% a 72% nas emissões de GEE em relação às emissões do diesel europeu, dependendo da rota de entrega do biodiesel.
Para o pesquisador Carlos Eduardo Cerri, principal autor da publicação, “em cumprimento não apenas ao Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), que estabelece o uso do B8 (março de 2017), do B9 (março de 2018) e do B10 (março de 2019), mas também em relação à INDC (Pretendida Contribuição Nacionalmente Determinada) do Brasil, apresentada em 2015 durante a Convenção do Clima da ONU/ COP 21, em Paris, o estudo sugere um alto potencial do biodiesel de soja para a melhoria da sustentabilidade ambiental do sistema de economia de base biológica no Brasil, bem como em outros países importadores do biodiesel de soja nacional”.
Fonte: Cenário Agro