O Dia do Psicólogo, celebrado neste 27 de agosto, é uma referência a Lei Nº 4.119, de 27/08/1962, que regulamentou a profissão no Brasil. A data também é uma oportunidade para lembrar as pessoas sobre a importância da saúde mental. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 322 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem com transtornos mentais.
Para o psicólogo Pedro Furlaneto Nava, servidor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), os transtornos estão ligados a três fatores, que se inter-relacionam: o corpo biológico, psiquismo do indivíduo e ambiente social.
“É preciso olhar para este corpo biopsicossocial que está inserido no mundo e observar não somente o biológico (corpo e cérebro), mas também as relações sociais, as condições de trabalho e condições de vida. Hoje vemos, sobretudo, a deterioração e precarização de acesso a direitos, a serviços e falta de perspectiva, inclusive dos jovens; esses fatores, quando unidos, levam ao sofrimento desse ser”.
Sem preconceitos
Conforme o Conselho Federal de Psicologia, hoje o Brasil conta com 350 mil profissionais, sendo que 4 mil estão em Mato Grosso. No entanto, muitas pessoas ainda associam à psicologia o tratamento de pacientes loucos, o que impede a busca por tratamento profissional.
O psicólogo afirma que a procura do profissional não está relacionada somente a questões ligadas a loucura, e que muitos pacientes entram em contato buscando sanar algum conflito interno. “A procura pelo profissional de psicologia se faz no momento em que o indivíduo busca por respostas para as suas angústias e suas questões, e não somente para quadros graves, como muitos ainda pensam, então é bobagem deixar de procurar ajuda por preconceitos infundados”.
Nava ainda afirma que os gestores públicos e privados têm percebido a importância da atuação do profissional para o cuidado da saúde mental dos seus colaboradores e “os avanços das pesquisas dirão que os inúmeros fatores externos implicam na qualidade de vida dos trabalhadores e da população de uma maneira geral”.
Redes sociais agravam os quadros de frustração?
De acordo com o psicólogo, a relação das pessoas com as redes sociais tem influência em quadros de transtorno. “Essa percepção de achar que o outro é mais feliz do que eu, que o outro tem mais do que eu, na verdade aponta para algo da ordem da fantasia e do imaginário. É claro que frustra, pois faz parecer que é só uma questão de querer, de esforçar-se para acessar tudo isso. Cria-se uma sensação de que o fracasso é algo exclusivamente culpa do sujeito, sem considerar outros fatores”.
Pedro Nava afirma que a forma como as pessoas utilizam e absorvem as informações a partir das redes sociais se modificam em um mundo no qual as pessoas nunca estiveram tão conectadas, mas que ao mesmo tempo estão sozinhas. “Eu vejo que o problema não é a rede social, mas sim a forma como o sujeito utiliza a ferramenta e ressignifica a sua usabilidade”. De acordo com dados das empresas We Are Social e Hootsuite, cerca de 62% da população brasileira utiliza as redes sociais.
Quem pode procurar um psicólogo?
O psicólogo explica que quem quiser pode procurar um psicólogo. “Há profissionais que realizam intervenções com bebês, por exemplo. Os pacientes procuram os consultórios quando existe alguma angústia, algum sofrimento, alguma indagação ou mesmo quando querem atingir alguma meta ou objetivo e isso abarca um público que todas as idades, desde criança até idosos”.
Ele explica que o psicólogo escuta essas dores e indagações do paciente, mas sob uma posição diferente do senso comum. “Ouvir coisas que geralmente as pessoas não ouvem nem sobre si mesmas, e desenvolver o trabalho com ela, fazendo apontamentos, mostrando fatores que passam despercebidos e que no final vão ajudar o paciente a entender melhor suas questões e saber lidar com isso”, esclarece Nava.
A única condição exigida pelos profissionais como necessária é ter o desejo da pessoa implicada em realizar o trabalho, pois “é difícil qualquer intervenção quando não há a implicação do sujeito”, diz.
O importante é ajudar quem precisa
Os sinais de que algo não vai bem com alguém podem ser sutis e os familiares, amigos, companheiros, não conseguem visualizar até o quadro se agravar. O psicólogo orienta que, quando perceber que algo não está bem, é preciso fazer a abordagem e sugerir a busca por um profissional.
“Às vezes quem está imerso no quadro não consegue sair e pedir por ajuda, então, quem está em volta, observando, pode coletar esses sinais e sugerir que a pessoa procure os profissionais, e as abordagens variam de acordo com o nível de intimidade e proximidade com essas pessoas, mas na dúvida, procure uma equipe da unidade de saúde para saber, o Centro de Atenção Psicossocial (Caps), ou até mesmo diretamente o profissional”, informa.
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