O sistema alimentar, o manejo alimentar e a formulação de dietas devem considerar a natureza dinâmica da fisiologia da vaca, além dos requerimentos nutricionais e composição dos alimentos. Em média uma vaca gasta:
- 3 a 5 horas por dia comendo divididas em 9 a 14 refeições diárias;
- 7 a 10 horas/dia ruminando;
- 30 min/dia bebendo água;
- E aproximadamente 10 horas/dia de descanso.
Normalmente vacas produzindo mais leite realizam 9 a 14 refeições por dia enquanto vacas produzindo menos leite fazem 7 a 9 refeições por dia. Vacas e novilhas também apresentam um padrão diferente de consumo. No início da lactação as novilhas apresentam uma taxa de aumento no consumo menor que as vacas.
As vacas são animais sociais e ranqueados, dentro de um grupo, através das relações de dominância. Normalmente o agrupamento dos animais resulta em graus de competição por alimento e rapidamente é estabelecida uma dominância hierárquica dentro do grupo. A dominância social é estabelecida quando certos animais iniciam e vencem lutas (60% das lutas são cabeça-cabeça), embora muitas relações possam ser estabelecidas sem contato físico. Cerca de metade das relações de dominância dentro de um lote é estabelecida nas primeiras horas e normalmente são relações estáveis, pois somente cerca de 4% das relações são revertidas.
A dominância social está relacionada à idade, tamanho corporal e força. Uma vaca recém-introduzida em um lote já formado deve rapidamente estabelecer sua posição social para maximizar a ingestão de matéria seca. O período mais crítico, onde ocorre maior competição por alimento, é o momento em que as vacas retornam da ordenha ou quando alimento novo é oferecido. Segundo algumas pesquisas o efeito máximo da dominância seria de 30 a 45 minutos após o trato. Em situações de competição por alimento as vacas dominantes passam mais tempo comendo do que as vacas mais submissas. Essas observações indicam que o tamanho do grupo, o espaço de cocho e a disponibilidade de alimentos não devem ser limitantes, de maneira a evitar diminuição de consumo pelas vacas mais submissas.
A troca de animais de lote pode alterar toda a estrutura hierárquica de um grupo. Quando novos animais são introduzidos em um grupo socialmente estável a estrutura social estabelecida pode ser totalmente desfeita e uma nova hierarquia social será formada. A decisão de mudar animais de lote deve considerar o trabalho envolvido, as implicações nutricionais e sociais envolvidas e o impacto desses fatores na produção de leite. A mudança contínua de lotes deve ser evitada, pois promove estresse pela desorganização da ordem social do grupo.
Pesquisas tem demonstrado que um período de uma semana é requerido para que uma nova hierarquia estável se restabeleça após a introdução de novos animais. Uma rotina regular de troca de animais de lote bem como sua adequação dentro do sistema alimentar adotado é um importante fator determinante do sucesso das estratégias de agrupamento. Uma das principais questões envolvidas seria como evitar reduções na ingestão de matéria seca e produção de leite quando se altera os animais nos lotes. Entender os padrões de consumo e comportamento das vacas são pontos importantes para agrupar os animais.
Escrito por Ricardo Peixoto Médico Veterinário (REHAGRO)