Projeções desenvolvidas a partir da estimativas da APINCO sobre a produção brasileira de carne de frango (levando em conta, ainda, os dados de exportação da SECEX/MDIC e os indicadores da população brasileira publicados pelo IBGE) sugerem que a disponibilidade interna per capita no bimestre setembro/outubro de 2018 alcançou o equivalente a 43 kg/ano, ou seja, 10% menos que no trimestre inicial do ano, ocasião em que a disponibilidade média aparente girou em torno dos 48 kg per capita/ano
Fica difícil calcular, efetivamente, em quanto ficou a disponibilidade interna per capita no quadrimestre abril/julho, pois, nesse período, a SECEX/MDIC adotou nova sistemática para o cálculo das exportações, processo que levou à distorção dos primeiros resultados levantados.
O certo, sem dúvida, é que a disponibilidade interna não aumentou tanto a ponto de chegar a quase 52 kg per capita em abril, nem caiu mais de um terço apenas três meses depois. Neste caso, o bom senso recomende que se adote a média do período, o que leva a uma disponibilidade próxima de 43,5 kg per capita, cerca de 1% a mais que o registrado no bimestre setembro/outubro. Porém, se considerada a média dos 10 primeiros meses do ano, o volume registrado sobe para 44,732 kg, 1,4% a menos que os 45,371 kg de média apontados para os 12 meses de 2017.
Notar que o per capita médio de 44,732 kg até agora registrado foi influenciado pelo alto volume do trimestre inicial do ano. E negativamente, pode-se afirmar. Porque opôs-se às leis de mercado, disponibilizando – naquele que é o período de menor consumo do ano – volume superior ao registrado no encerramento do ano anterior, época de maior consumo do ano.
Mas não foi só. Pois, ignorando a deterioração do consumo interno e prevendo a retomada das exportações (processo que não se consolidou), o setor acabou disponibilizando no trimestre volume per capita superior ao de idêntico período de 2017.
Não foi por menos, portanto, que o setor teve um início de ano não apenas melancólico, mas desesperador. Uma situação que se agravaria na sequência com novas denúncias envolvendo os controles sanitários.
Espera-se que desse excesso de otimismo inicial tenha ficado uma lição. E que o setor comece o próximo ano de maneira mais comedida. Se o mercado pedir mais, a avicultura pode responder rapidamente. O que não pode é produzir e não ter quem consumir.
Fonte: Avisite