O dólar recuava ante o real nesta sexta-feira, acompanhando o exterior, onde a divisa norte-americana perdia força depois que alguns dados fracos no relatório do PIB dos Estados Unidos se sobrepuseram ao avanço da economia do país no primeiro trimestre do ano
Às 11:03, o dólar recuava 0,36 por cento, a 3,9419 reais na venda. No pregão anterior, a divisa norte-americana caiu 0,76 por cento, a 3,9561 reais na venda.
O dólar futuro caía cerca de 0,2 por cento neste pregão.
O PIB dos Estados Unidos cresceu 3,2 por cento no primeiro trimestre do ano, um avanço mais forte que o esperado, segundo dados divulgados pelo Departamento do Comércio nesta sexta-feira.
Mas resultados mais fracos em outras variáveis, como gastos do consumidor, se sobrepuseram ao crescimento do PIB e levaram o dólar a reverter ganhos e operar em queda sobre o real, após ter subido brevemente em seguida da divulgação.
Por volta das 11h, o dólar recuava cerca de 0,2 por cento ante uma cesta de moedas.
Passada a primeira percepção, o mercado digeria que o crescimento foi impulsionado por comércio e por um acúmulo acentuado de bens não vendidos, fatores temporários que devem ser revertidos nos próximos trimestres.
Outro ponto que, segundo agentes financeiros, justifica a não-sustentação do dólar foi a desaceleração no crescimento dos gastos do consumidor, que avançou a 1,2 por cento, vindo de uma taxa de 2,5 por cento no quarto trimestre.
“Apesar do número (do PIB) ter vindo bem acima do esperado, tem essa questão do consumo. O consumo é um dos principais itens do PIB dos EUA e ele deu uma desacelerada quando comparado com o quarto trimestre”, disse Camila Abdelmalack, economista da CM Capital Markets, acrescentando que o consumo é uma das variáveis mais acompanhadas pelo Federal Reserve.
No panorama doméstico, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, indicou que não há mudança iminente na condução da política monetária, em linha com as expectativas de participantes do mercado.
Na véspera, após o dólar tocar a marca de 4 reais logo na abertura, o diretor de Política Monetária do BC, Bruno Serra Fernandes, havia dito que a autoridade não tem “preconceitos” em relação ao uso de qualquer instrumento cambial.
“Vamos passar por um período de volatilidade quando a reforma da Previdência começar a tramitar mesmo na comissão especial. Tem o que é o curso natural da moeda e há movimentos pontuais que exigem intervenção do BC, o que não parece ser o caso no momento”, explicou a economista.
O Banco Central realiza nesta sessão leilão de até 5,350 mil swaps cambiais tradicionais, correspondentes à venda futura de dólares, para rolagem do vencimento de maio, no total de 5,343 bilhões de dólares.
O BC também informou que começará em 2 de maio a rolagem integral dos 201.785 contratos de swap cambial tradicional com vencimento em 1º de julho de 2019.
Por Laís Martins/ Reuters