Exportações ruins de milho e consumo interno concorrido com o importado; soja velha vai indo embora
Por Giovanni Lorenzon – AGRONEWS®
Quem olha o milho pelo cenário de 2020, não acredita muito na situação atual. A balança comercial do cereal é totalmente deficitária. E sobra grão no mercado interno.
Ao contrário do período anterior, quando o mundo disputava a tapa o nosso segundo grão mais importante, agora está tudo ao contrário.
E o mais surpreendente é que o milho safrinha brasileiro, em quebra expressiva, encurtou a oferta mundial.
E as granjas brasileiras – e principalmente os grandes grupos frigoríficos com produção integrada -, que se arrancavam os cabelos diante dos preços altos, forraram suas necessidades contratando importações para 2021 todo.
As vendas externas somente neste mês de dezembro caíram 48,3% em receita, para US$ 448,2 milhões, e 46,5% a menos em volume, para 66,2 mil toneladas, na comparação com o mesmo mês do ano passado.
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Porém, já vinham em queda há três meses.
Em relação às importações, as altas foram expressivas. O volume trazido de fora – da Argentina, na maioria -, foi de 351,8 mil/t nos 13 dias úteis do mês, 42,7% maiores, que resultou em despesas de US$ 84,7 milhões, 119,66% acima, turbinadas por um dólar mais alto.
O resultado, no geral, é que o Brasil deverá ter exportações perto de 15 a 16 milhões/t no acumulado do ano, quando em 2021 ficou em torno de 30 milhões/t.
Claro, as importações, na soma geral, são bem menores, mas as quase 3 milhões/t trazidas do exterior desde janeiro fazem a diferença.
Na medida que o mercado internacional ficou mais acanhado e essas importações entraram, sobrou mais milho na mão do produtor, que deverá entrar em janeiro com preços mais achatados, porque vai sair a safra de verão.
Sim, ela é pequena, perto da de inverno, mas ajudará a carregar mais estoques.
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Quanto à soja…
A China foi buscar 3,63 milhões de toneladas de soja nos Estados Unidos em novembro, quando em outubro somaram apenas 775,3 mil/t.
No Brasil, as compras chinesas, também no mês anterior, superaram em mais de 400 mil toneladas a soma de outubro, e fecharam em 3,75 milhões/t.
O apetite chinês, que vinha melhor para a oleaginosa brasileira, melhorou para os americanos.
Tem analista que insiste na bobagem de que algumas condições logísticas ficaram melhores depois dos prejuízos do furacão Ida nos EUA, facilitando o escoamento.
Nada. O grande comprador global de soja aproveitou seus estoques e foi comprando mais no Brasil, que veio carregado em mais de 15 milhões/t de soja velha para o segundo semestre.
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E nos últimos dois meses os produtores tiveram que vender para dar lugar a soja nova, com a colheita a partir de janeiro.
Agora, vai rareando a oleaginosa guardada aqui, os preços internos começam a ter prêmios maiores, e os chineses se voltam para o grão americano, que começa a ficar mais barato.
Lembrando que a safra lá foi boa e está recém-concluída.
AGRONEWS® – Informação para quem produz