Pecuaristas da região de Rondonópolis (MT) estão conseguindo elevar a produtividade com a adoção de tecnologias no manejo de animais, seja a pasto ou em confinamento. O grupo de 15 produtores participa do Projeto Canivete
Criado em 2013, sob orientação do professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), Moacyr Corsi, o programa que conta a empresa de nutrição animal Nutripura visa melhorar o desempenho da pecuária na região.
Um exemplo é a fazenda Jaçanã, administrada por Fábio Luiz Neves da Silva, filho do proprietário Nei Neves da Silva, de Pedra Preta, distante 30 quilômetros de Rondonópolis. Com mil hectares, sendo 600 destinados ao pastejo rotacionado de bovinos – sistema no qual os animais se alimentam em piquetes alternados para que o pasto se recupere até o próximo uso – ele espera encerrar o ciclo 2016/2017 com 26,4 arrobas por hectare, um incremento de 106,2% desde o começo do projeto. O produtor ingressou no programa na temporada 2013/2014, com produtividade média de 12,8 arrobas por hectare.
Para o ciclo 2017/2018 a intenção dele é chegar a 30,3 arrobas por hectare, incremento de 136,7%. “Nossa meta futura é repetir em toda a propriedade o que já conseguimos em uma das nossas áreas, que é chegar a 50 arrobas por hectare”, diz.
Conforme o engenheiro agrônomo e consultor do Projeto Canivete, Miguel Shiota, os resultados foram alcançados devido ao treinamento da equipe da propriedade e também com a adubação das áreas de pastagem. “Essa é a principal tecnologia que utilizamos”, afirma. O programa também estimula a oferta de água limpa em local próximo ao local de pastejo dos animais.
A Jaçanã tinha 295 hectares de área adubada no ciclo 2013/2014. Duas safras depois estava com 501 hectares, alta de 69,8%. “Para este ano, vamos manter a área e aumentar a quantidade de adubo aplicado”, explica Shiota. “O lucro é maior conforme a quantidade de adubação. Por isso, vamos explorar ao máximo a área já adubada antes de aumentar o número de hectares”.
Shiota explica que a Jaçanã é a mais avançada entre as propriedades que integram o projeto, por ter uma área mais elevada de pastagem adubada. “Mas todas possuem resultados semelhantes”, diz.
Para Silva, o programa vai além da produtividade do rebanho. “O programa me deu mais segurança para tomar decisões na propriedade. As instalações, a adubação do pasto e o sistema rotacionado ficaram mais ajustados”, garante o administrador da Jaçanã.
Na propriedade é realizada a recria – que é a engorda do bezerro até que esteja no peso ideal para ingressar no confinamento. Os animais são adquiridos com oito arrobas e deixam a propriedade, onde permanecem de novembro a maio, no chamado período das águas, com 12 arrobas. Nas águas, a Jaçanã conta com 4 mil a 5 mil animais. No período de seca, esse número cai para até 1,5 mil animais.
Em seguida, o gado é direcionado ao confinamento da família, em outra propriedade próxima, onde os animais são terminados para a venda ao frigorífico. O confinamento tem capacidade para 3,2 mil cabeças e realiza dois giros e meio, com um total de 8 mil animais confinados por ano.
“No ano que vem, pretendo confinar dez mil animais e ampliar a capacidade estática para 4 mil cabeças”, planeja Silva. Ele negocia a produção com sete frigoríficos da região e recebeu R$ 120 por arroba pelos animais entregues em julho.
Os bezerros para recria custaram, em média, R$ 150 por arroba. “Está sendo um ano ruim, assim como foi 2016”, observa o pecuarista. “Com o agravante que é descontado o Funrural desde fevereiro e o Fethab [Fundo Estadual de Transporte e Habitação], o que significa R$ 5 menos por arroba”, afirma. /a repórter viajou a convite da Agroconsult.
Fonte: Acrimat