A produção de girassol no estado foi 75% menor que em 2015. A colheita já foi concluída e as lavouras perderam espaço para outras culturas, como o milho, pois, com a crise, os produtores preveram a diminuição nas vendas do óleo de girassol. Essa queda na produção vai causar impactos negativos nas indústrias que extraem o óleo.
Numa indústria em Campo Novo do Parecis, a 397 km de Cuiabá, por exemplo, deve faltar a matéria-prima para a produção de óleo de girassol.
Nessa indústria são beneficiadas cerca de mil sacas do grão, que está armazenado em silos. Eles guardam atualmente 10 mil sacas, quatro vezes menos que na mesma época do ano passado.
O agrônomo Adilson Berti, gerente de Campo da indústria, afirmou que a queda foi bem acima do esperado. “Nós já estávamos esperando uma queda sim de produção, mas não desse tanto, de modo geral. Esperávamos uns 20%, mas deu mais do que 20%. Se tivesse os 40 ou 50 mil sacas eu posso armanezar o tempo todo, mas como agora a gente só tem 10 mil sacas vai faltar girassol em tempo de mercado. O mercado já vai absorver isso em três, quatro meses. A empresa já vai ficar sem girassol”, afirmou.
Em outra empresa da região, a quantidade de girassol armazenada também está menor.
No pátio da indústria, no ano passado, o estoque era de 70 mil toneladas de grãos de girassol e, neste ano, a situação é bem diferente. Houve redução de 50%.A semente é matéria-prima para a produção de óleo.
“Houve uma retração no consumo de óleo por conta da crise política e econômica que o país atravessa e isso ocasionalmente gerou que o produtor tivesse que plantar menos. Pelo lado do campo, o milho ofereceu também uma questão competitiva de preço, mas a indústria está preparada para enfrentar essa entressafra tem um estoque remanescente da safra anterior que atende tranquilamente na medida do possível, pelo menos, o óleo que é produzido regionalmente”, disse o gerente administrativo da empresa Carlos Eduardo Momesso.
A troca pelo milho foi o principal motivo da queda na produção de girassol nesta safra. Em todo estado, as lavouras ocuparam apenas 21 mil hectares, 75% a menos que no ano passado. Mas a estiagem também prejudicou algumas áreas. Na fazenda do produtor rural Vitório Herklotz, foram 67 dias sem uma gota d´água. Ele colheu 10% por cento a menos do previsto.
“Até me admira de produzir o que produziu, porque, além de muito seco, estava muito quente. Foi um desastre geral pra qualquer cultura. Ainda consegui colher 22 sacas por hectare”, explicou.
Com a colheita das lavouras finalizadas, a produção de girassol em Mato Grosso fechou em 35 mil toneladas, 81 mil a menos que na safra passada. Com a oferta limitada, o foco é pensar no próximo ciclo e encontrar maneiras de motivar o investimento na cultura.
“O produtor vai verificar que mesmo tendo plantado o milho nas condições que ofereceu, grande parte deles não conseguiu colher e produzir uma quantidade que pudesse justificar os custos em razão do que aconteceu, climaticamente falando. O girassol por menor que tenha sido deixou uma margem de lucro. Então, eu creio que técnicas, investimento e plantio que a empresa tá fazendo, acompanhamento técnico deve fazer com que volte a crescer em favor do girassol”, afirmou Carlos Eduardo Momesso.
Para o agricultor Régis Segabinazzi, que durante oito anos plantou girassol, o incentivo é a rentabilidade. Este ano ele não cultivou nenhum hectare do grão, já que os preços não compensavam os custos.
“Os valores que eram oferecidos pelo produto na colheita geram em torno de R$ 65 a R$ 70, no máximo, só que isso não acompanha já que desvalorizou a nossa moeda perante ao dólar. O custo do girassol , a semente, tudo acima do dólar. Então, nós tivemos o aumento da produção. Se nós tivermos um valor melhor na venda desde produto, se tivermos um contrato melhor para gerarmos, provavelmente, eu volte a plantar girassol”, afirmou. O valor da saca de soja nessa região gira em torno de R$ 60.