O dólar recuava ante o real nesta segunda-feira, com dados econômicos alemães amenizando temores de desaceleração global e ajudando a moeda brasileira, enquanto investidores ainda monitoram tensões renovadas ligadas à reforma da Previdência
Às 10:44, o dólar recuava 0,54 por cento, a 3,8812 reais na venda. Na sexta-feira, o dólar fechou em alta de 2,69 por cento, a 3,9022 reais na venda, maior alta diária em 22 meses.
O dólar futuro caía por volta de 0,7 por cento.
A moeda norte-americana abriu em alta, com investidores reagindo ao noticiário do fim de semana ligado à Previdência e ainda refletindo as movimentações de sexta-feira, quando mercados acionários e moedas emergentes foram abalados por preocupações renovadas de desaceleração global.
No fim da semana passada, dados econômicos fracos da Europa reforçaram os temores e motivaram uma busca por proteção, sentimento que foi endossado após números decepcionantes dos Estados Unidos.
Tais preocupações, que ainda permaneciam na abertura do pregão, foram em parte amenizadas por novos dados vindos da Alemanha que mostraram uma alta na confiança empresarial no país, levando o euro e ativos europeus em geral a subirem.
O real também foi beneficiado pela melhora no cenário externo, com o dólar passando a operar com baixa frente à moeda brasileira, explicou o diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcísio Rodrigues.
A melhora inesperada na confiança empresarial da Alemanha serviu para aplacar em parte as preocupações ligadas à cena política interna, que se deteriorou ao longo do fim de semana após encerrar a semana passada em maus termos.
No sábado, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que o presidente Jair Bolsonaro precisa se convencer da importância da reforma da Previdência para o país e assumir a liderança na articulação, mas disse que nesta semana voltará a trabalhar pela aprovação do texto.
Bolsonaro, por sua vez, que estava em visita oficial ao Chile no fim de semana, afirmou que o Brasil precisa “fazer o dever de casa” e aprovar a reforma e que esta responsabilidade está com o Congresso no momento.
“Não se vê luz no fim do túnel nessa briga mesquinha, assim por dizer. Atrasar a tramitação que é o grande problema…. Nota-se que o governo está meio sem saber o que fazer”, afirmou Rodrigues.
A preocupação de agentes financeiros, mais objetivamente, é com eventual atraso na tramitação do texto e mais diluição do conteúdo, o que pode resultar em uma economia menor do que a esperada.
O Banco Central realiza nesta sessão leilão de até 14,5 mil swaps cambiais tradicionais, correspondentes à venda futura de dólares, para rolagem do vencimento de abril, no total de 12,321 bilhões de dólares.
Por Laís Martins/ Reuters