O dólar tinha estabilidade ante o real nesta quinta-feira, após ter superado o patamar psicológico de 4 reais logo na abertura, acompanhando o exterior com os investidores em compasso de espera antes da instalação da comissão especial da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados
Às 10:08, o dólar operava estável, a 3,9863 reais na venda. A última vez que a moeda norte-americana fechou na casa dos 4 reais foi em 1º de outubro do ano passado (4,0183 reais).
Na véspera, a moeda já havia flertado com a marca ao terminar em alta de 1,63 por cento, a 3,9863 reais. O dólar futuro tinha queda de cerca de 0,1 por cento neste pregão.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), marcou para as 11h a instalação da comissão especial, quando devem ser definidos o presidente do órgão e o relator da proposta.
A comissão especial terá um prazo de 40 sessões, a partir de sua constituição, para proferir parecer, sendo que a apresentação de emendas à proposta tem de ser feita nas 10 primeiras sessões.
Agentes financeiros veem com bons olhos a atuação de Maia, que desponta novamente como principal fiador da proposta e que tende a desempenhar papel decisivo na discussão do mérito da PEC na comissão especial.
“Maia deu vários recados positivos na quarta-feira. O mercado gosta de saber que tem alguém que chamou para si a responsabilidade de algo tão grande como a reforma da Previdência”, explicou Jefferson Laatus, sócio fundador do Grupo Laatus.
Segundo um parlamentar experiente, Maia está se colocando como intermediário nas negociações entre o governo e o centrão e também trabalha pela nomeação do deputado Pedro Paulo (DEM-RJ) para relator da PEC na comissão especial.
A escolha do relator e do presidente é um dos pontos que mantém investidores na defensiva antes da instalação, explicou Laatus.
“A dúvida do mercado é quem vai ser o relator, quem vai ser o presidente, como a oposição vai estar posicionada e o posicionamento do centrão também é importante”, disse.
Até que ocorra a instalação de fato, investidores adotam posição de espera, com o dólar operando em alta sobre o real e olhando para o exterior, onde a divisa norte-americana ganha força em meio a uma busca global por proteção.
O índice do dólar contra uma cesta de moedas subia cerca de 0,1 por cento e operava acima de uma máxima de 23 meses.
“Se a gente pudesse resumir em uma palavra o cenário externo é expectativa. Com guerra comercial, Brexit, com o que pode sair na cúpula entre Putin e Kim Jong Un, com a expectativa de como vai ser Trump e o processo de impeachment”, avaliou Laatus.
O Banco Central realiza nesta sessão leilão de até 5,350 mil swaps cambiais tradicionais, correspondentes à venda futura de dólares, para rolagem do vencimento de maio, no total de 5,343 bilhões de dólares.
O BC também informou que começará em 2 de maio a rolagem integral dos 201.785 contratos de swap cambial tradicional com vencimento em 1º de julho de 2019.
Por Laís Martins/ Reuters