Segundo trimestre turbulento no Brasil e no mundo introduziram novas dúvidas aos agentes econômicos.
A guerra comercial entre Estados Unidos e China, a sinalização do Federal Reserve de quatro altas na taxa de juros neste ano, a greve dos caminhoneiros brasileiros e as incertezas acerca das eleições presidenciais no país configuram panorama de curto prazo complexo e pouco definido.
“Essa conjuntura deve impactar os mercados de commodities de maneira significativa, orientando as expectativas para o crescimento econômico mundial e do Brasil, rebalanceando o market share americano no mercado chinês e conduzindo a trajetória do câmbio”, avalia o analista de mercado da INTL FCStone, Vitor Andrioli.
Em relatório especial divulgado nesta terça-feira (17), “Perspectivas para Commodities”, a equipe de Inteligência de Mercado da INTL FCStone avaliou os principais fatores que movimentaram as commodities agrícolas nos últimos meses, bem como as tendências que guiaram os mercados ao longo do 3º trimestre de 2018.
Para os grãos, a situação dos fretes e da safrinha no Brasil e o desenvolvimento da safra dos Estados Unidos definirão a disponibilidade de soja e milho no mercado mundial. “Por mais que a China esteja comprando muito pouca soja dos EUA há alguns meses, as importações chinesas anuais chegam perto de 100 milhões de toneladas, mesmo com as estimativas de queda. Outros produtores, principalmente o Brasil, não são capazes de fornecer toda essa soja sem contar com o grão norte-americano”, explica a analista de mercado do grupo, Ana Luiza Lodi.
Por mais que as estimativas apontem para uma queda das exportações norte-americanas de soja, este efeito tenderia a ser mais relevante no curto prazo. Destaca-se que, com algum tempo para ajustes, os fluxos de comércio internacional da soja devem ser alterados, com outros países, excluindo a China, comprando soja dos EUA, atraídos por preços mais baixos, e os chineses tentando comprar o máximo de soja possível da América do Sul e de outros produtores menores na Ásia, deslocando outros demandantes.
No caso do trigo, a colheita nos EUA e Mar Negro e expansão de área no Mercosul podem manter os preços sob pressão. A possível expansão de 7% na área plantada argentina em relação ao ciclo anterior fortalece a perspectiva de aumento do market share do país no próximo ciclo, uma vez que as exportações no primeiro semestre deste ano estão bastante aquecidas.
Em relação ao algodão, a INTL FCStone destaca que o Brasil deve ter safra cheia e assumir a terceira posição entre os maiores exportadores na temporada 2017/18, podendo colher oportunidades no mercado chinês.
Já o mercado de cacau apresenta tendência volátil diante das expectativas para o próximo ano-safra, sob influência climática guiando a oferta do produto no curto prazo: a INTL FCStone atenta para a crescente probabilidade de ocorrência de El Niño durante o quarto trimestre de 2018.
Quanto às perspectivas para o mercado sucroenergético, o excedente global de açúcar nos ciclos 2017/18 e 2018/19 deve manter a pressão sobre as cotações da commodity, sobressaindo o clima mais seco e o mix alcooleiro no Centro-Sul brasileiro. “A possibilidade de nova safra recorde na Índia deve obrigar o país a exportar grandes volumes de açúcar em 2018/19”, lembra o analista de mercado da INTL FCStone, João Paulo Botelho.
Fonte: INTL FCStone