Especialista americana fala no 17° SNDS e explica porque antibióticos e indústria das carnes viraram alvo de ataque das novas gerações
“Os jovens da Geração Milenium não confiam na indústria de alimentos”. A frase ecou forte no auditório do Tauá Hotel Atibaia (SP), durante apresentação da médica veterinária colombiana Maria José Clavijo, da Universidade de Minessota, nos Estados Unidos, durante o XVII Seminário Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (SNDS). A especialista deu uma palestra no fim da manhã desta quinta-feira, dia 29, tratando do uso dos antibióticos em animais e seres humanos e os mitos e as verdades que envolvem contaminação cruzada e resistência. “Os antibióticos são armas espetaculares para a saúde humana e dos animais de produção. E o mundo ainda vai precisar dos medicamentos durante muito tempo.
Mas este é um assunto dominado por desinformação e muitos conceitos errados”, explica Clavijo. Ela ressalta que não existe risco zero em relação à resistência e que as superbactérias são uma realidade. Segundo a pesquisadora, 4 milhões de africanos devem morrer por causa de resistência microbiana e o prejuízo causado nos Estados Unidos alcança US$ 20 bilhões por ano. “Não é por menos. 30% dos antibióticos prescritos para seres humanos é desnecessário e metade do antibiótico escolhido é errado ou possui dosagem errada. Isso precisa mudar. Mas, ainda não há nenhuma comprovação da contaminação cruzada em níveis perigosos para os seres humanos”, reforçou.
Este temor só acrescenta tempero à escalada de críticas por parte de grupos e entidades que lutam contra o consumo de carnes no Brasil e no mundo. “As pessoas das cidades desconhecem completamente como funcionam as fazendas produtivas de carnes. Precisamos que a indústria faça conexão direta com todos os consumidores. Principalmente os mais jovens. A novíssima geração usa e abusa das redes sociais e querem saber tudo sobre o que compram. E eles não confiam na indústria de alimentos.
Precisamos contar as nossas histórias a eles. Muitas empresas já fazem isso e estão passando informações contraditórias, sem consistência, exageradas. E nos supermercados, produtos com rótulos que vendem várias mensagens humanitárias, ecológicas, com valores diversos. E custam o dobro dos produtos similares”, aconselha. Ela também citou quais são as novas mensagens para atrair os consumidores de alimentos no mundo em tempos de sustentabilidade e saúde total. “50% dos consumidores, na hora de comprar, pensam em saúde e bem-estar, produtos naturais, alimentos minimamente processados, que não contenham nada além de alimentos verdadeiros. Também querem informação e segurança”, sintetizou.
A 17° edição do encontro bianual é organizada pela Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) em parceria com a Associação Paulista dos Criadores de Suínos (APCS), com apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) Nacional. O SNDS deste ano marca a posse da nova diretoria da ABCS, que vai comandar a entidade até 2019, além da comemoração dos 50 anos da APCS. Os novos diretores da entidade nacional são Marcelo Lopes (DF), presidente, Paulo Lucion (MT), Olinto Arruda (SP), Valdecir Folador (RS) e João Leite (MG).
Fonte: Acrismat