Há ganhos em ativos do agronegócio, apesar de outros custos que um cenário de crise militar empurra
Por Giovanni Lorenzon – AGRONEWS®
Qualquer cenário de conflito militar é crítico. Todo mundo quer paz. Especialmente quando envolvem superpotências com poder de arrastar o mundo.
Mas, business is business.
Nesse sentido, o andamento da crise entre Rússia e Ucrânia, com risco de descambar para uma guerra, arrastando os Estados Unidos e países europeus, já está nos preços das commodities, apesar de todo um conjunto de situações que prejudica o resto das economias.
Claro, os especuladores entram no jogo. Como se diz na gíria, o mercado gosta de sangue.
O principal ativo que ganha, por ora, é o trigo.
Maior produtor europeu, a Ucrânia, pode ter prejudicado sua produção e escoamento desse que é o cereal mais antigo consumido no mundo.
Os preços estão explodindo.
Impacta as importações brasileiras, que necessita de uma média anual do exterior em torno de 6 a 7 milhões de toneladas, mas também melhora os preços da safra recente do Brasil, que foi maior, e chegou a 6,8 milhões/t.
Para completar, a safra de inverno do país está ruim, pela seca.
O milho também tende a seguir forte. Os ucranianos, donos de terras férteis, também entregam uma quantidade razoável na Europa e à China.
Num momento no qual o fluxo global do cereal está muito longe do verificado no mesmo período de 2021, mas que já vinha forte desde o ano anterior, acaba sendo um alento para o produtor, prestes a definir o tamanho da safrinha.
Evidente que sobra o prejuízo para os produtores de proteínas, com o aumento dos custos desse importante insumo das rações.
Mas, business is business.
Há, ainda, no farol da crise, a questão do petróleo.
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Se a coisa evoluir, pode criar uma situação de interrompimento do fluxo de óleo cru e gás da Rússia para a Europa.
E, de quebra, favorece o etanol no Brasil, de cana e milho, embora detone as economias globais.
Pela Bielorússia, apoiadora de Putin, passa o gasoduto que vai até a Alemanha. Tem milhares de soldados estacionados no país, além dos que estão na fronteira russo-ucraniana.
As cotações do petróleo já estão embutindo esse risco de desbalanceamento da oferta.
E, nessa conta, entra o ganho do açúcar.
Petróleo mais caro, mais etanol sendo produzido, mais cana indo para o biocombustível, daí que a oferta de açúcar fica menor.
Por fim, ainda há o ganho cambial.
De crise em crise, o dólar tem alta, com crise militar, então, nem se fala.
Portanto, as exportações se beneficiam na troca de reais mais baratos por dólares mais caros.
Mas, a divisa forte mais alta, também torna os insumos importados, e outros bens, muito perigosos em custos.
Enfim, ganhos e perdas.
Mas, business is business.
AGRONEWS® é informação para quem produz