O dólar operava em queda e abaixo de 3,90 reais nesta terça-feira, num movimento de correção impulsionado pelo anúncio de leilão de 2 bilhões de dólares em linha —venda com compromisso de recompra— pelo Banco Central, numa tentativa de aliviar a pressão altista de final de ano, período em que comumente empresas enviam recursos ao exterior
Às 12:07, o dólar recuava 0,69 por cento, a 3,8904 reais na venda, depois de terminar a sessão anterior com a maior alta desde junho, a 3,9175 reais, maior valor desde 2 de outubro.
Na mínima, a moeda foi a 3,8757 reais. O dólar futuro tinha baixa de cerca de 1,20 por cento.
“É de amplo conhecimento a tendência do BC em realizar leilões de linha no fim do ano, quando empresas costumam remeter recursos ao exterior… De todo modo, não dá para negar uma ‘relação’ entre o movimento de ontem no câmbio e o anúncio do BC”, escreveu a corretora H.Commcor em relatório nesta terça-feira, ao ponderar que muitos consideram o anúncio do BC “uma sinalização da autoridade àqueles que -teoricamente- estariam forçando um movimento para ‘além dos fundamentos’”.
A alta da véspera foi influenciada por uma série de fatores. Além do movimento tradicional de remessa de recursos ao exterior no final do ano por empresas multinacionais, houve a zeragem de posições vendidas e nervosismo com o exterior.
Essa influência negativa externa continuava nesta sessão, patrocinada por declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que espera seguir em frente com o aumento de tarifas sobre 200 bilhões de dólares em importações chinesas, o que jogou um balde de água fria sobre o otimismo vigente diante do encontro dele com o presidente da China, Xi Jinping, no G20, no final da semana.
“O envolvimento ativo de Trump no G20 implica muita incerteza. As expectativas para a reunião são exageradas. O conflito comercial entre os EUA e a China provavelmente não será resolvido. O melhor cenário é que não haverá novas tarifas, mas as existentes não serão removidas tão cedo”, trouxe a corretora dinamarquesa Nordea Markets em relatório.
O dólar, no entanto, operava com alta tímida ante a cesta de moedas, depois de ter se aproximado da máxima em duas semanas, mas recuava ante as divisas emergentes, como o peso mexicano e o rublo, o que também contribuía para o alívio no câmbio doméstico.
“O mercado exagerou ontem e a atuação do BC com oferta de liquidez e o exterior ajudam na correção… mas nada impede que o excesso volte a ser visto. Temos Ptax à frente e muita gente está comprada”, avaliou o operador de câmbio da H.Commcor Cleber Alessie Machado.
A taxa Ptax de final de mês é usada na liquidação de diversos derivativos cambiais e sua formação de preços no último pregão do mês acaba deixando o mercado mais volátil, com a briga entre os investidores que apostam na queda da cotação e na alta.
Os dados dos investimento diretos no país (IDP) acima do previsto pelos analistas também ajudavam a aliviar o dólar, comentaram profissionais.
Os investidores também seguiam na expectativa por novidades sobre a trajetória de juros nos EUA. Nesta manhã, o vice-chairman do Fed, Richard Clarida, declarou que a economia dos EUA segue robusta e que espera que em 2019 essa trajetória se mantenha.
O Banco Central fará nesta terça-feira leilão de linha com oferta de 2 bilhões de dólares em novos contratos, com vencimento em 4 de fevereiro e 6 de março de 2019. Em dezembro, vencem outros 1,250 bilhão de dólares em linha e o BC ainda não se pronunciou se fará ou não rolagem.
O Banco Central vendeu nesta sessão 13,6 mil contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares. Desta forma, rolou 10,880 bilhões de dólares do total de 12,217 bilhões de dólares que vence em dezembro.
Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.
Fonte: Reuters