Dólar cede terreno ante real de olho em exterior e ata do Copom
O dólar operava em queda acentuada contra o real nesta terça-feira, depois de ter registrado fortes ganhos na véspera, com os investidores de olho nos sinais de otimismo global e na ata da última reunião de política monetária do Banco Central.
Às 10h36, o dólar recuava 0,54%, a 5,0991 reais na venda.
O contrato mais líquido de dólar futuro tinha queda de 0,38%, a 5,100 reais.
Essa movimentação estava em linha com as perdas apresentadas pelo índice do dólar contra uma cesta de rivais. Pares arriscados do real, como peso mexicano e rand sul-africano, apresentavam ganhos.
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Segundo alguns analistas, dados desta manhã que mostraram forte recuperação na produção industrial da China ajudavam a impulsionar o apetite por risco. A expansão da produção industrial acelerou a 7,0% em novembro na comparação com o mesmo período do ano anterior, enquanto as vendas no varejo avançaram 5% na comparação anual.
“Os dados mostram que o país segue em forte retomada, o que é positivo para o mercado de commodities e, consequentemente, para a América Latina”, disse a XP Investimentos em nota matinal.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, elevando as esperanças de uma retomada econômica, um plano de auxílio fiscal bipartidário de 908 bilhões de dólares será dividido em dois pacotes, disse uma fonte informada sobre o assunto, aumentando as esperanças de que pelo menos uma grande parte do projeto que já tem apoio bipartidário seja aprovada.
Ao mesmo tempo, o país tornou-se a segunda nação ocidental a iniciar a vacinação contra a Covid-19, juntando-se ao Reino Unido. A imunização da população, assim como a ajuda para empresas e cidadãos que foram prejudicados pelas medidas restritivas de combate à pandemia, é considerada essencial por boa parte dos mercados para evitar uma contração de duplo tombo na maior economia do mundo.
No Brasil, os investidores reagiam à ata da mais recente reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, em que a autarquia repetiu que o forward guidance está de pé, mas pode cair “em breve”.
Por meio do forward guidance, o BC havia se comprometido a não elevar a Selic desde que algumas premissas fossem mantidas: expectativas de inflação e projeções de inflação de seu cenário básico abaixo da meta para o horizonte relevante de política monetária, não alteração do regime fiscal e ancoragem das expectativas de inflação de longo prazo.
“A ata da reunião do Copom trouxe poucas novidades, em relação ao comunicado pós-reunião”, disse José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos, em comentário divulgado no Twitter. “O forward guidance deverá ser abandonado no primeiro semestre de 2021, com início do processo de normalização da política monetária no início do segundo semestre do ano”.
O patamar extremamente baixo da taxa Selic, em uma mínima histórica de 2% ao ano, é apontado por especialistas como um dos fatores que impulsionaram o dólar contra o real no ano de 2020, uma vez que ativos locais atrelados aos juros básicos ficaram menos atraentes para o investidor estrangeiro, minando a entrada de recursos no país.
Além do ambiente de juros baixos, a persistente incerteza fiscal que tem dominado o radar dos investidores nos últimos meses é um fator de pressão para o real, em meio a temores de que o governo fure seu teto de gastos em 2021.
Mesmo assim, a divisa brasileira tem mostrado recuperação nas últimas semanas, e o dólar chegou a se aproximar do patamar psicológico de 5 reais na segunda-feira, antes de apresentar um movimento acentuado de correção para cima.
Na véspera, o dólar à vista registrou alta de 1,57%, a 5,1269 reais na venda, depois de ter tocado 5,0105 na mínima do dia.
“Há uma relativa ansiedade com a proximidade do preço do dólar a 5,00 reais, e, quando chega quase lá, ocorre uma recuperação do preço, como se houvesse um ponto firme de resistência”, opinou em nota Sidnei Moura Nehme, economista e diretor-executivo da NGO Corretora.
“A depreciação sustentável do preço do dólar abaixo de 5,00 reais, até acentuadamente, requer que o Brasil adote (…)reformas fundamentais e programa de privatizações, mas que são postergados seguidamente, enquanto a crise fiscal, cada vez mais, se torna neutralizante a quaisquer iniciativas do governo que envolva dispêndios”.
O BC fará neste pregão leilão de swap tradicional de até 16 mil contratos com vencimento em abril e setembro de 2021.
Por Reuters
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