No mercado do boi, Mato Grosso atingiu patamares recordes nas exportações de carne bovina em 2022
De acordo com a Secex, o volume exportado foi de 556,82 mil toneladas em equivalentes de carcaça (TEC), o que representa um acréscimo de 37,85% ante a 2021. Em receita, o incremento foi de R$ 983,44 milhões no mesmo comparativo. Todavia, a alta nas exportações não foi suficiente para
impulsionar os preços do boi gordo no estado, que registrou recuo de 3,90% no comparativo anual.
A redução nas cotações foi reflexo da virada no ciclo pecuário, observado pelo maior descarte de vacas – segundo o INDEA, o número de fêmeas abatidas em 2022 foi 13,94% maior que em 2021. Além disso, a retenção de matrizes em 2021 resultou em uma grande oferta de animais este ano e acarretou em baixa nas cotações dos animais de reposição. Neste sentido, a maioria das categorias registrou queda nos preços, com destaque para as fêmeas – a bezerra de ano, por exemplo, recuou 15,88% ante a 2021 e foi cotada a R$ 1.887,72/cab em 2022.
De acordo com a análise da semana anterior, “Setor pecuária nacional investe e abate de boi cresce em 2022 Os investimentos realizados pelo setor pecuário nacional em tecnologias (sobretudo em nutrição, genética, pastagem e sanidade) ao longo dos últimos anos vêm sendo evidenciados atualmente por dados oficiais, que mostram crescimento no número de abate de animais e ganho de produtividade”.
Perspectiva
Aumento na participação das fêmeas no abate e elevada oferta de animais de reposição podem segurar o ritmo da valorização do boi gordo em 2023.
A virada no ciclo pecuário este ano pressionou as cotações. Desse modo, a perspectiva é que
em 2023 a pecuária ainda se mantenha na fase de baixa do ciclo, com forte pressão nas
cotações, pautada pelo aumento do descarte de fêmeas, que pode ocorrer com intensidade
ainda maior em relação a 2022.
Além disso, a elevada oferta de animais de reposição no mercado, que ainda deve permanecer no longo prazo, tende a puxar para baixo os preços dos animais da categoria mais jovem. Apesar do grande volume de bovinos terminados no mercado, que deve aumentar o número de abates, a expectativa de aumento no consumo interno pode ser essencial para segurar o movimento de queda nas cotações, uma vez que a maior parte da proteína produzida é mantida dentro no país.
Já nas exportações, a perspectiva é que não seja ultrapassado o recorde atingido em 2022, mas vale a atenção aos principais países importadores, como a China, cujo comportamento pode influenciar nas negociações.
Mercado Financeiro
- Queda: pautada pelo elevado número de animais aptos ao abate no mercado, a arroba do boi gordo fechou 2022 com queda de 3,90% ante a 2021;
- Recuo: a vaca gorda também seguiu ritmo de queda e registrou redução de 5,05% em relação a 2021. Neste viés, o indicador ficou na média de R$ 263,86/@;
- Decaiu: a cotação do bezerro de ano caiu 5,12% este ano, ante a 2021. A alta oferta de bois de reposição justificou o movimento de baixa;
- Aumentou: o incremento no número de animais terminados resultou no alargamento na escala de abate, que subiu 30,54% em relação ao ano anterior.
Por Daniele Balieiro com informações do Imea
AGRONEWS® – Informação para quem produz