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Apesar da força do agronegócio, apenas 2% de resíduos agropecuários é aproveitado na geração de energia limpa, o que mantém baixa a fatia dessa fonte na matriz energética brasileira
No Brasil, o agronegócio é essencial para a composição do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2021, o setor cresceu 8,36% em relação ao ano anterior e alcançou participação de 27,4% no PIB, a maior desde 2004, que foi de 27,53%. Os dados são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz ((Esalq)) da USP em Piracicaba, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A força do agronegócio, no entanto, ainda não se traduz efetivamente na produção de energia limpa, em que pese o potencial que apresenta para aproveitamento dos resíduos agropecuários.
Resíduos agropecuários na produção de energia limpa
Pouco se aproveita do “lixo” produzido no campo como forma de gerar energia. Os biocombustíveis são fontes não fósseis produzidas através da biomassa que, por sua vez, é todo o material obtido da decomposição dos resíduos de diversos processos e componentes, tais como cana de açúcar, milho, dejetos ou quaisquer outros de origem biológica.
Dentro dessa fonte renovável, existem dois principais combustíveis derivados: biogás e biometano. O biogás é gerado por meio da decomposição dos resíduos feita por bactérias, sendo em sua maioria composto de metano e o restante de carbono. Através dele é possível produzir o biometano, que nada mais é do que a purificação do biogás, onde se remove grande parte do carbono restante para que então esteja composto praticamente de metano isolado. Com alta pureza, ele é capaz de praticamente substituir o gás natural, fornecendo uma alternativa renovável para os processos de geração de energia.
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Potencial desperdiçado
Para se ter uma ideia do potencial, a Associação Brasileira de Biogás e Biometano (ABiogás) estima que os dejetos dos suínos podem gerar 2,7 bilhões de metros cúbicos anuais de biometano, o suficiente para substituir quase 2,5 bilhões de litros de diesel. Esse material também poderia gerar energia elétrica suficiente para abastecer aproximadamente 5 milhões de casas mensalmente.
Mas o que acontece, na prática, é que esse potencial é pouco utilizado. Com 675 plantas de biogás instaladas, o Brasil utiliza apenas 2% de todo o potencial estimado e mantém baixa a fatia dessa fonte na matriz energética brasileira. A exploração desse potencial, além de trazer alternativas para o consumo e redução no custo da energia, também poderia fazer com que pequenos produtores tivessem a possibilidade de se tornar autossuficientes em energia elétrica, produzindo-a através de resíduos e dejetos gerados no próprio local, e deixando de depender das distribuidoras.
Toda a biomassa residual produzida anualmente pode ser convertida em aproximadamente 77 bilhões de m³ de biometano ou em 160 TWh de energia elétrica, potencial este que representa, em termos de energia, mais do que todo o diesel consumido no Brasil ou do que a energia elétrica gerada na usina hidrelétrica de Itaipu, que é de 100 TWh.
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Perspectivas para o futuro
Apesar do baixo aproveitamento de seu potencial, o País caminha para o aumento de sua exploração, e espera-se que o mercado de biogás e biometano cresça em torno de 14% até 2027, chegando a 11 bilhões de metros cúbicos e 1.000 usinas instaladas em 2030. Essa projeção, no entanto, representaria apenas cerca de 13% em relação ao total possível.
Por: Professor Fernando de Lima Caneppele (FZEA), com Ana Cristina Barone Machado, graduada em Engenharia de Alimentos (FZEA). A coprodução é de Ferraz Junior e edição da Rádio USP Ribeirão.
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