Em 2020, a inflação dos alimentos (de 14,1%), influenciada sobretudo pela disparada do dólar, foi três vezes maior que a inflação oficial ao consumidor, medida pelo IPCA (de 4,52%). Já em 2021, a inflação, turbinada pelo aumento da expectativa de inflação, caminha para ser elevada, ao passo que o ritmo de avanço no preço dos alimentos está menor – com esses demonstrando certa estabilidade, em patamar elevado
Segundo análise divulgada hoje pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em 2020, os preços dos alimentos foram influenciados fortemente pelo dólar, que acarreta, especialmente, em elevação dos custos de produção e que favorece as exportações do agronegócio. Pesaram também na alta dos preços dos alimentos em 2020 as mudanças nos padrões de consumo associadas à pandemia, o timing e o montante bastante alto da transferência pública de renda (auxílio emergencial), os desarranjos das cadeias produtivas, problemas climáticos e a elevação dos preços internacionais das commodities.
Para 2021, apesar da certa estabilidade nos preços dos alimentos, estes permanecem elevados. De um modo geral, os destaques das quedas de preços nos oito primeiros meses deste ano são para arroz, óleo de soja, batata, tomate e feijão carioca. No caso das carnes, o movimento segue sendo de alta, mas de forma menos intensa. Por outro lado, o açúcar tem se valorizado com força, assim como fubá e mandioca. Nestes casos, pesquisadores do Cepea ressaltam que problemas climáticos reduziram o volume estimado de produção – especialmente de cana, café, milho e feijão –, além de terem prejudicado as pastagens. Com isso, os preços das carnes também foram influenciados pelo lado dos insumos – grãos, basicamente – e diretamente pelo clima. Ainda, a exportação do agronegócio até 15% maior do que em 2020 sinaliza para sustentação no custo da alimentação.
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